Os egípcios eram politeístas. Adoravam vários deuses, em cerimônias patrocinadas pelo estado ou pelo povo. Geralmente os deuses possuíam formas de animais (zoomorfismo) ou uma mistura de homem e animal (antropozoomorfismo).
O deus mais importante era Rá, considerado como o criador do Universo. Quando a capital do império passou a ser Tebas, Amon, o deus protetor dos tebanos e Rá passaram a ser um só deus, chamado Amon-Rá. Logo depois vem os mais populares: Osíris, Ísis, Hórus, Ptah, Hator, Anúbis e Toth.
Antiga religião egípcia (ou mitologia egípcia) é o nome dado a religião praticada no antigo Egito desde o período pré-dinástico, a cerca de 3.000 anos a.C. até o surgimento do cristianismo. Inicialmente era uma religião politeísta por crer em várias divindades, como forças da natureza. Ao passar de séculos, a crença passou a ser mais diversificada, sendo considerada henoteísta, porque acreditava em uma divindade criadora do universo, tendo outras forças independentes, mas não iguais a este.
O julgamento dos mortos
Pesagem das almas no Livro dos Mortos. O coração é pesado contra a pluma da verdade, enquanto o monstro Ammut espera para devorar o coração se necessário.
Pormenor de uma pesagem das almas o morto chegaria a uma grande sala de justiça, onde para além de Deus Osíris, estavam quarenta e dois juízes com cabeça de animal e um faca na mão. O morto fazia então a chamada "confissão negativa" através da qual proclamava não ter roubado, matado, cometido adultério, etc. O seu coração era colocado sobre uma balança e pesado contra uma pena, o símbolo de Maet. Se tivesse o mesmo peso era considerado inocente; em caso contrário seria lançado a Ammut, um monstro que era parte leão, parte hipopótamo e parte crocodilo, que devorava o coração. A alma justa entrava num local idílico; para os habitantes do Delta esse local eram os Campos Elíseos (Sekhet-hetepet), onde a Primavera era eterna. Os mortos teriam um vida agradável, desempenhando a mesma função que tinham na terra.
O culto dos mortos
Nos primeiros tempos da história egípcia a possibilidade de uma vida depois da morte estava reservada ao faraó, tendo a partir da V dinastia se verificado uma democratização desta concepção, que passou a abranger toda a população.
Contudo, para permitir o acesso e a continuação nessa vida, era necessário que o corpo estivesse preservado, o que explica o recuso à mumificação.
A mumificação:

Progressivamente desenvolveram uma mumificação artificial que atingiu a perfeição no Império Novo.
Os trabalhos de embalsamento era realizados na margem ocidental do Nilo, longe das habitações, em tendas e depois em salas conhecidas como "Belas Casas" ou "Casas da Purificação".
Os trabalhos eram vigiados por sacerdotes que usavam máscaras que reproduziam a cabeça de Anúbis, deus dos mortos.
Depois de velado pelo falecido, a família encontrava-se com os embalsamadores que mostravam os vários tipos de mumificação. Uma vez escolhido o modelo, conforme as possibilidades económicas da família, os profissionais começavam o trabalho.
Conhece-se hoje o processo de embalsamento graças ao relato de Heródoto, já que os Egípcios não deixaram qualquer tipo de descrição sobre esta técnica. No essencial a ciência moderna confirmou o relato.
Segundo o historiador grego a técnica mais nobre, que pretendia reproduzir o embalsamento que tinha sido feito sobre Osíris, começava com a extracção do cérebro pelas narinas, com a ajuda de um gancho de ferro. Com uma faca de pedra da Etiópia fazia-se um corte na ilharga, por onde se retiravam os intestinos. A cavidade abdominal era limpa e lavada com vinho de palma e com substâncias aromáticas.
O ventre era enchido com uma mistura de mirra e canela, sendo cozido. O cadáver era depois mergulhado num banho de natrão (silicato de soda e alumínio), onde permanecia durante setenta dias; a partir do Império Médio sabe-se que os profissionais recorreram ao pó de natrão, que se achava num vale desértico. Terminado este período, o corpo era lavado e envolto em faixas de pano revestidas com resinas. Começava-se pelos dedos das mãos e dos pés, seguindo-se o envolvimento das extremidades, do tronco e da cabeça. Fazia depois um envolvimento geral de cima para baixo e outro de baixo para cima. Durante todo este processo eram recitadas fórmulas mágicas e colocados amuletos entre as faixas, como o Olho de Hórus e o "nó de Ísis". O corpo era então entregue aos familiares, que o colocavam num caixão que com a forma do corpo humano.
Outra técnica de embalsamento não retirava os órgãos internos, limitando-se a injectar pela boca óleo de cedro, tapando-se a boca. O corpo era depois colocado no banho de natrão, onde permanecia também setenta dias. Terminado este período, retirava-se do banho e deixava-se sair o óleo, dissolvendo as vísceras. A terceira técnica injectava um purgante que limpava os intestinos e colocava o corpo no banho de natrão. Os mais pobres limitavam-se a enterrar os seus embrulhando os corpos nas peles dos animais e enterrando-os nas areias.
Os órgãos que tinha sido retirados do corpo (intestino, fígado, estômago e pulmões) eram mumificados à parte e colocados cada um em vasos especiais, denominados hoje em dia como canopos.
A MORTE:

O processo de mumificação acontecia da seguinte maneira: o sacerdote abria o corpo do morto ao meio tirando seus órgãos moles (os órgãos que apodrecem rápido). Depois cortava o nariz de forma que pudesse retirar o cérebro com um gancho especializado. O sacerdote colocava dentro do corpo do morto alguns medicamentos. Após todo o ritual, o sacerdote amarrava uma espécie de pano que ajudava a conservar o corpo.
Anúbis era o deus egípcio associado a mumificação e rituais fúnebres; aqui, ele atende a uma múmia.Dentro das pirâmides ficavam os bens do morto. Os egípcios colocavam nas pirâmides tudo que eles achavam que poderiam reutilizar na outra vida (móveis, jóias, etc). O túmulo era como uma habitação de um vivo, com móveis e provisões de alimentos. As pinturas das paredes representavam cenas do morto à mesma, na caça e na pesca. Eles acreditavam nos poderes mágicos dessas pinturas, pois achavam que a alma do morto se sentia feliz e serena ao contemplá-las. A alma do morto comparecia ao Tribunal de Osíris, onde era julgada por suas obras, para ver se podia ser admitida no reino de Osíris.
Os antigos egípcios também acreditavam que os túmulos eram moradias de eternidade. Para melhor proteger os corpos, as múmias eram colocadas em sarcófagos bem fechados. Os faraós, os nobres, os ricos e alguns sacerdotes construíam grandes túmulos de pedras para garantir a proteção dos corpos contra ladrões e profanadores, aqueles que invadem lugares sagrados ou câmaras funerárias. Eram feitos para garantir a longa espera no tempo até que a alma voltasse para a vida. Assim foram construídas mastabas, pirâmides e hipogeus ricamente adorados.